Lois,
Já temos mais uma coisa em comum, eu também estou de férias. De férias ou a trabalhar, o mono do PC atrai-me relativamente pouco. Mesmo apesar de me permitir falar com você e com a restante família, seu pai incluído.
Considere que os símbolos, não sendo partilhados, funcionam como sinais para quem não os conhece, perdem parte da carga expressiva que têm.
Respondo com um texto de ontem, esperando te divirtas imaginando como as peças se juntam formando um padrão. No nosso caso, deixemos as perguntas e respostas darem lugar a notas e entradas de diário.
Vais reparar, meu Diário, de diário só tem o nome e uma regularidade que, mais ou menos, quando está a funcionar, é diária.
Tua experiência de Itália é determinante, sem ela não conhecerias a G. Não a desenvolveres, é não devolveres ao Passado a possibilidade de o passar ao Futuro, através dum Presente do qual te podes, nos podes, fazer presente.
Quanto ao presbiterianismo, se me quisesse converter, o que tinha de fazer? Não, não respondas, fica a pensar… Só por causa de te estar a conhecer, ir-me-ei informar. Até por querer conhecer melhor tua mãe e avó, materna, se não estiver em erro. Mesmo errando, o pensamento é errante, ainda não falaste da avó paterna. Como deves calcular, sendo portuguesa, ela me deixa com mais cruzamento de referências se dela falares.
Último ponto e muito curioso, a tua ideia, impressões sobre os portugueses, sua forma de se relacionarem e exprimirem. Não a tendo através de teu pai, não sei onde a foste buscar. Devo dizer que somos como toda a gente e mais que a maioria das gentes, gente que se adapta e varia muito. Felizmente tenho uma boa impressão global, geral, pessoal, isto até chegar à auto-estima. Se não te sentisses segura, confiante e à vontade, evitarias partilhar uma visão negativa. Como calculas, fico curioso de saber como a obtiveste. [«Os Portugueses, me desculpe se eu te falar uma coisa que não vai gostar, são um pouco castradores, não gostam de espontaneidade… Pelo menos não como os brasileiros e os italianos. Os portugueses são também um pouquinho grossos na forma de falar.»]
Como vês, acabamos por centrar tudo no umbigo. A escrita é um belo dum cordão umbilical, com a língua a beber do “inconsciente colectivo” ou do mais que se queira, saiba ou julgue saber. É muito bom pensar, como estamos a falar um com o outro? Estarei a pensar o que ela pensou, quando penso o que ela disse? Isso acontece voltando ao Passado, ou projectando um Futuro, onde imagino uma resposta: afinal o que é o Presente no momento da leitura? Crendo eja esta resposta… quero que ela te chegue no mesmo exacto tempo, o tempo do Presente. Aguardo o presente da tua resposta, curioso de como ela se desenvolva.
A jornalista tenta obter do Clark elementos que a permitam relacionar com o Superman, mas descobre como afinal também ele é apenas um jornalista. A boa pista fica por conta do “apenas”, apenas?...
Já não irei procurar o texto de ontem, poderá ficar para uma próxima resposta onde queira ser mais breve, serve? ;)
Beijus ))
Acho que já sei o que significa o símbolo!
Uma expressão facial, um sinal e_motivo…
Clark, ;)
Acertou mesmo sobre o símbolo!
Foi a sua visão de raio X, tenho certeza. A minha intenção era mesmo a de
partilhar o símbolo, como faço no MSN e etecetera, mas aqui no PC do meu pai,
sei lá, vai saber! Escrevo no Word e ele copia e cola no Blog, então acho que o
símbolo se transforma, criando um misterioso objeto não identificado. J. Para que os leitores
da Toca do Coelho não fiquem sem resposta, o símbolo era um simples e simpático
smile :).
Simplesmente.
Eu nunca te podia converter ao Presbiterianismo,
pois nunca se convertem ateus convictos, já sei disso, nem tentaria. A religião
é uma coisa muito íntima e nunca se deve interferir nas escolhas das pessoas
quando são feitas baseadas em crenças e convicções. Aprendi na aula de
Filosofia a gosto desse princípio. Mas se eu te fosse converter, se por acaso
você um dia acordasse e pensasse que quer ter uma religião, eu te diria: Vem
para a Igreja Presbiteriana, tem boa Música! ;).
O teu diário é diferente do meu.
No seu existem coisas sobre você e no meu existem coisas sobre os outros. No
meu eu falo o que penso sobre os outros e é a única coisa minha que tem, o
pensamento sobre outras pessoas. No seu você expõe pensamentos dos seus personagens que correspondem
ao seu pensamento sobre as coisas da sua vida. Acertei?
Minha avó paterna é um capítulo muito legal, posso deixar para o final, se
houver final? :)
Minha impressão sobre os
portugueses é muito prática, quando estou com a minha família em Lisboa e
andando por lá e indo aos lugares, eu sou tratada de uma forma abrutalhada de
que não gosto. Meu papi diz que os brasileiros me mimaram e eu acho que pode
ser isso, pois aqui as pessoas abraçam, beijam, são afetivas, deixam a gente
participar da vida delas… Em Portugal até os casais são esquisitos. Minha mãe
mesma não acha grande graça quando viaja pois ela e meu pai vivem grudados um
com o outro lá (aí, eu acho, rssssss) as pessoas ficam reparando neles como se
eles fossem alienígenas. Meus primos são machistas, meus tios são machistas,
meu avó, segundo marido da minha avó portuguesa, é tão machista que dá vontade
de bater nele. heehheh. Acho que na Itália e no Brasil as pessoas sabem ser
amigas e unidas, são gentis (mais no Brasil do que em qualquer outro lugar) e
doces. Eu gosto de gente que é doce e meiga. :)
Ah e muito importante, quando eu
falei “grossos na forma de falar” eu quis dizer rudes, brutos, mas são muito
cultos, obviamente.
Quanto a meu diário, se você
puder me falar do Francisco, eu agradeço, se não poder, fala usando o Clark
como fachada mas me dizendo na verdade do Francisco. ;)
A primeira pessoa que registei no
meu diário foi:
“Toma café com pão duas vezes por
dia, gosta de banho e tem pesadelo com gato. Tem um forte cheiro de cebolas e
um sorriso muito bonito. Não lê jornal e gosta de novelas. Não tem o pai e a
mãe foi presa quando ela era pequena, tendo sido criada por uma tia, irmã da
mãe. Tem problema de sobrepeso, mas isso faz ela ser aconchegante e muito
quentinha. Não fuma e a música preferida é samba e pagode. Onde mora tem gente
boa e má, mas a gente má maltrata a gente boa e isso deixa ela furiosa. É muito
bom comer o feijão que ela faz e ouvir ela cantar na cozinha.”
Não posso revelar os nomes, por
causa de invadir a privacidade, mas está aí a primeira pessoa para quem
escrevi. Deixei o primeiro parágrafo. Quer escrever uma história sobre ela?
Gosto de falar com você. :)
Beiju.