O homem imperfeito acorda em sua cama macia, quente e
imperfeita, deita os olhos na direcção das cortinas brancas, finas e imperfeitas,
acaricia por instantes a luz solar difusa, magnificamente imperfeita e se
prepara para dar o seu beijo amoroso, carinhoso, cheio de vida em sua esposa
bela, forte, deliciosamente imperfeita.
Daí o dia, imperfeito, nasce através dos actos cotidianos e
repetidos com a dedicação imperfeita de quem os repete. O carro, o
engarrafamento, um prenuncio de chuva paulista, a marginal, a outra marginal,
um marginal no semáforo, tudo irremediavelmente imperfeito!
Trabalha, almoça, ouve os sons imperfeitos dos outros
imperfeitos seres que habitam o imperfeito planeta situado no imperfeito
universo, criado por um ser imperfeito em caos e desordem.
Volta ao lar, imperfeitamente em ordem, seus filhos, seus
amores, suas decisões, tudo compreensivelmente imperfeito… mas ele, o homem
imperfeito, é antes de tudo um ser de inteligência, embora imperfeita, e sabe
que a sua vida, a vida dos seus filhos, a vida de sua esposa, a vida de seus
vizinhos, dos vizinhos dos vizinhos, dos outros seres da cidade, dos seres de
outros países, de outros planetas, tem em comum a imperfeição e tal semelhança
os faz serem perfeitamente aceitáveis!
Aceitar as diferenças é deixar de fazer juízos inúteis de
valor e quantidade, é poder ser livre para amar a vida, mesmo imperfeita, e aos
outros, mesmo imperfeitos e com isso atingir a perfeita harmonia.
O que devemos saber é: a perfeição habita o caos.
(anotação feita durante período de conferência de Psicoterapia
e Métodos Clínicos de Aceitação de Circunstâncias psicológicas para melhor Condição de Vida – Montes Claros – Minas Gerais
- 2012)
Boa
Semana, meus amigos!